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Angermuller, Johannes
(2018).
DOI: https://doi.org/10.21747/21833958/red7a2
Abstract
Portuguese: Os discursos contemporâneos da pós-verdade colocam à prova os fundamentos con-strutivistas dos Estudos do Discurso. De acordo com observadores críticos, os analistas do discurso têm jogado do lado de Trump, Brexit e populistas de direita, de modo a politizar o conhecimento científico e minar a ideia da verdade científica. A fim de responder a essas preocupações, este artigo delineia um Programa Forte em Estudos do Discurso. Enquanto o Programa Forte insiste em ver¬dades como construções discursivas, de modo algum afirma que todas as ideias têm o mesmo valor de verdade ou que uma ideia pode se tornar verdadeira porque alguém quer que ela seja verdadeira. O Programa Forte defende a pesquisa de discurso que é construtivista (questiona como as verdades são construídas de forma prática) sem ser relativista (nem todas as ideias têm a mesma qualidade normativa). Inspirando-se nos debates dos Estudos de Ciência e Tecnologia da década de 1970, o Programa Forte formula princípios para os pesquisadores do discurso que lidam com afirmações conflituantes da verdade. Explicações analítico-discursivas da verdade dos participantes de primei¬ra ordem e dos observadores de segunda ordem devem ser simétricas, heterogêneas, multiperspec¬tivistas e reflexivas. O programa Forte em pesquisa do discurso baseia-se nas tradições fundadoras “francesa” e “crítica” dos Estudos do Discurso que têm debatido sobre questões de verdade e reali¬dade desde o início. Enquanto questiona criticamente a herança estruturalista dessas vertentes, o Programa Forte insiste nas práticas de fazer (e desfazer) ideias por meio do uso da linguagem, não importando se elas aparecem como verdadeiras ou falsas para os participantes e observadores. Os Estudos do Discurso são encorajados a refletir criticamente sobre como as hierarquias entre os sa¬beres não são apenas representadas, mas, por meio de sua representação, também são constituídas através de práticas discursivas de atores e observadores.
English: Contemporary post-truth discourses put the constructivist foundations of Dis¬course Studies to a test. According to critical observers, discourse analysts have been playing into the hands of Trump, Brexit and right-wing populists by politicising scientific knowledge and undermining the idea of scientific truth. In order to respond to these concerns, this article outlines a Strong Programme in Discourse Studies. While the Strong Programme insists on truths as discursive constructions, in no way does it claim that all ideas have the same truth value or that an idea can become true because somebody wants it to be true. The Strong Pro¬gramme makes the case for discourse research that is constructivist (it asks how truths are con¬structed practically) without being relativist (all ideas do not have the same normative quality). Taking inspiration from debates in Science and Technology Studies of the 1970s, the Strong Programme formulates principles for discourse researchers dealing with conflicting truth claims. Discourse analytical explanations of truths of first-order participants and of second-order observers should be symmetrical, heterogeneous, multi-perspectival and reflexive. The Strong Programme discourse research is grounded in the founding traditions of “French” and “Critical” Discourse Studies, which have struggled over questions of truth and reality since the beginning. While critically interrogating the structuralist heritage of these strands, the Strong Programme insists on the practices of making and unmaking ideas through language use no matter whether they appear as true or false to participants and observers. Discourse Studies are encouraged to critically reflect on how hierarchies between knowledges are not only repre¬sented but, through their representation, also constituted through discursive practices.